SÃO PAULO – Reflexo dos cortes nas encomendas das montadoras, o número de recuperações judiciais pedidas pela indústria de autopeças desde janeiro está perto de superar o total apurado em todo o ano passado, conforme acompanhamento do Sindipeças, entidade que representa o setor.
Neste ano, 26 fabricantes de componentes automotivos recorreram à Justiça na tentativa de escapar da falência. Ainda antes de terminar o primeiro semestre, faltam apenas duas empresas para empatar com os 28 pedidos de recuperação judicial de 2015.
Dan Ioschpe, presidente do Sindipeças — e também do conselho de administração da fabricante de rodas automotivas e equipamentos ferroviários Iochpe-Maxion — estima um faturamento de R$ 63 bilhões dos fornecedores das montadoras neste ano, R$ 17,1 bilhões a menos do que em 2014, bem como um corte de 35,5 mil postos de trabalho em dois anos.
“Estamos chegando ao recorde de recuperações judiciais, mas temos um setor que está se organizando para conviver com esse novo momento”, afirmou o executivo. Segundo as previsões do Sindipeças, as fábricas de autopeças devem terminar o ano empregando 164 mil pessoas, mas esse número poderia ser ainda menor, em torno de 150 mil funcionários, não fossem as medidas adotadas pelas empresas — como suspensão de contratos de trabalho (“layoff”) e programas de proteção ao emprego – para segurar o excesso de mão de obra e evitar demissões.
De acordo com o Sindipeças, as fábricas de componentes automotivos vão investir R$ 1,5 bilhão neste ano, um número que, segundo Ioschpe, não é desprezível, embora seja menor do que o ritmo de dois anos atrás, quando essa indústria investia R$ 2,4 bilhões.